A Música na Igreja 2ª parte

bateria

2 - A MÚSICA NO NOVO TESTAMENTO

O Senhor Jesus cantava. Prova disso é o texto do evangelho de Mateus, capítulo 26, versículo 30, onde encontramos a narrativa do final da celebração da Páscoa pelo Mestre e seus discípulos. Diz o texto que "..., tendo cantado um hino, saíram para o monte da Oliveiras." Que narrativa gloriosa! A música sendo usada pelo próprio Filho de Deus. Não poderia haver exemplo mais significativo do que este para nos mostrar o lugar da música no culto, sim, porque a celebração da Páscoa era um culto memorial, no qual se comemorava a passagem do Espírito de Deus e a libertação do seu povo do jugo da opressão egípcia. Era um culto de alegria e, com certeza, a música era de grande regozijo.

Agora passemos para um momento posterior. Vemos Paulo e Silas na prisão, sofrendo as agruras do aprisionamento num calabouço romano, passando por uma situação de extremo sofrimento. Entretanto, segundo o relato encontrado no livro de Atos, capítulo 16, versículo 25, eles "cantavam louvores a Deus". Era o louvor na adversidade, reconhecendo que tais sofrimentos com a companhia de Deus eram plenamente suportáveis.

O apóstolo Paulo reconhecia o extremo valor da música na vida dos crentes e, por isso, deixou recomendações expressas em sua epístola aos Efésios, capítulo 5, versículos 18, parte b, e 19, e também em sua epístola aos Colossenses, capítulo 3, versículo 16, para que os crentes no Senhor Jesus Cristo se edificassem mutuamente com "salmos, hinos e cânticos espirituais."

3 - A MÚSICA NO CRISTIANISMO

Mas que tipo de música pode e deve ser usado no culto, na igreja do nosso tempo? Que estilo musical é apropriado para cultuar a Deus?

Nem a literatura secular nem a Bíblia registram como eram as melodias entoadas pelo levitas e pelo povo de Israel nos tempos do Antigo Testamento. Nem sequer os gregos, que bem antes de Cristo (Pitágoras - século VI a.C.) realizaram profundos estudos sobre a Física do som e suas combinações, nos deixaram quaisquer anotações sobre suas experiências musicais. Nem ainda o Novo Testamento nos revela como os cristãos da igreja primitiva cantavam.

No século II ficou determinado pelas "Constituições Apostólicas" que o canto sacro seria constituído da entoação de um Salmo por um solista, respondida pelas congregações por meio de trechos fáceis, tais como "Améns" e "Aleluias." Esta prática veio a desaparecer depois de dois a três séculos, eliminando totalmente a participação da comunidade no canto. Nesse meio tempo, os coros compostos por monges e clérigos continuaram a se desenvolver (Wanderley, p.3).

O século IV foi um período onde eventos importantes para a Igreja de Cristo começaram a acontecer. O primeiro deles foi o decreto do imperador Constantino, em 313, dando liberdade para o cristianismo. Há registros de que, por volta de 350 da era cristã, Hilário da Gália preparou o primeiro hinário cristão das igrejas cristãs (Ichter, p. 13). Depois disso surgiu em cena Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão que, neste mesmo século, estabeleceu um padrão musical para a sua diocese, com base nos elementos teóricos da música grega. Ambrósio foi denominado de "Pai dos Cânticos Religiosos." Seus cânticos eram "antifônicos, congregacionais e melodiosos" (Ichter, p. 13).

Mais tarde, Gregório, o Grande, no século VI, aproveitou a obra de Santo Ambrósio ampliando-a e estendendo um padrão musical para toda a cristandade de então, padrão esse que se estabeleceu através dos séculos sob o nome de canto gregoriano. Foi Gregório quem criou a primeira escola de música sacra, a Schola Cantorum, a qual preparou líderes para dirigir a música nas diversas igrejas de então e dos séculos seguintes. Os resultados da atuação dessa escola são conhecidos até hoje, havendo muitos religiosos praticando estilo musical que lá teve seu ensino iniciado.

Desde então, a arte musical vem sofrendo uma significativa evolução, acompanhando aquela pela qual passaram as demais artes. Destacam-se as influências dos períodos renascentista, barroco, clássico, romântico e atual. Especialmente no final da Renascença, por ocasião da Reforma, a música sacra passou a ser acessível à toda a Igreja, através do canto congregacional. Isto se deveu à ação de Martinho Lutero que levou a música para os lábios dos membros da Igreja Reformada. Lutero pregava que todo cristão tinha o direito de expressar sua adoração ao Senhor através de um dom dado por Deus mesmo: cantar. Os próprios textos do Novo Testamento, anteriormente apresentados, revelam que é lícito ao crente cultuar cantando. Fazer isso juntos edifica e alicerça a comunhão dos salvos. Antes disso, a música usada nos ofícios religiosos da igreja de então eram constituídos por Canto Gregoriano, sempre cantado por meninos e sacerdotes.

Após a Reforma, ao longo dos períodos da História, grandes obras musicais sacras foram compostas, das quais se destacaram as missas, os oratórios e as peças avulsas, e os seus compositores, tais como Johann Sebastian Bach, Antonio Vivaldi, Felix Mendelssohn, Joseph Haydn e tantos outros.

Até o surgimento do movimento reavivamentalista nos Estados Unidos, no século XIX, a música sacra congregacional se caracterizava essencialmente por Salmos metrificados e alguns hinos. A partir daí começaram a surgir os compositores do estilo "gospel songs", que acabaram sendo trazidos ao Brasil pelos primeiros missionários que aqui aportaram, os quais vieram a servir de ponto de partida para os primeiros hinários aqui editados. Dentre os pioneiros neste processo de edição musical, dois nomes se destacaram: o da missionária Sarah Poulton Kalley, letrista, tradutora, esposa do missionário Dr. Kalley, da Igreja Congregacional, e de Salomão Luiz Ginsburg, batista, cognominado de "O Judeu Errante no Brasil", considerado o pai do Cantor Cristão.

Esse estilo de música sacra esteve dominante até o pós-guerra. Por volta da década de 1960, novos estilos começaram a surgir nas igrejas dos Estados Unidos, baseados nos musicais da Broadway, sob formas de cânticos populares e musicais, os quais acabaram chegando até as terras brasileiras.

4 - O USO DOS INSTRUMENTOS NO CULTO

No que tange ao uso de instrumentos, temos no Salmo 150 bases que justificam o seu uso. O cuidado que precisa ser tomado é o de se evitar que a música instrumental, no culto, tenha feição de secularização. Se o som produzido por um instrumentista trouxer à nossa mente e ao nosso coração inspiração celestial, amém! Mas se trouxer a idéia do último festival de música popular, o do baile funk da esquina, ou do cantor mais badalado das paradas de sucesso da TV, ou mesmo se trouxer à nossa mente as imagens de embalos de Sábado à noite, então "vade retrum Satanáz!!!" ... A música na igreja, no culto, principalmente a instrumental, que dispensa palavras, deve sempre trazer à nossa mente uma imagem de coisas espirituais, e não de coisas materiais, visíveis, carnais.

Amém

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